a mulher detém a arte
da metamorfose.
o que na natureza
leva anos ou séculos,
nela é a fracção de segundo
de uma pose.
por isso encostamos
o ouvido ao seu orifício
de búzio,
tentando escutar os sons
do começo do mundo.
o marulhar das águas
que desceram até ao fundo
das grutas,
e de lá esperam,
nas suas atentas
pupilas azuis,
pelo sinal da reermersão.
Vítor Oliveira Jorge
Livro de Horas, Iluminado, Obliquamente
Poemas, Porto 2005
5 comentários:
Obrigado por ter posto aqui este poema.
Muitos textos meus que estão em linha são mais ou menos diferentes das versões depois publicadas em livro, como é inevitável.
Parabéns por este blogue... mais um que eu não conhecia!
Vitor
http://trans-ferir.blogspot.com
Agradecida, em nome de todos os elementos do "lugares mal situados" pela sua visita.
Espero que a escolha do poema aqui colocado, o tenha satisfeito.
Cumprimentos,
Liliana
Felicidades ao poeta por tão excelsas
e delicadas palavras.
«mais vale tarde que nunca», dizem e, neste caso, eu acredito :) O poema é encantatório, excelente escolha a par com as anteriores. Sê bem vinda, Liliana, a este cantar de poetas ao qual assisto em silêncio.
Obrigada moriana,
decerto haverá outras leituras, onde nos cruzaremos.
beijinho
liliana
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