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Um deus irado

Um deus irado
Batia num homem;
Espancava-o ruidosamente
Com golpes atroadores
Que soavam e ressoavam pela Terra.
Toda a gente veio a correr.
O homem gritava e procurava libertar-se,
E mordia furiosamente os pés do deus.
As pessoas exclamavam: "Ah, que homem malvado!"
E -
"Ah, que deus formidável!"



Stephen Crane

Antologia de Poesia Anglo-Americana
Campo das Letras, 2002
Tradução de António Simões

No deserto

Vi um ser animalesco, nu,
No deserto,
Que, agachado sobre o chão,
Segurava o coração nas mãos
E dele comia.
Eu disse: "É bom, amigo"?
"É amargo - amargo," respondeu;
"Mas eu gosto dele
Porque é amargo
E porque é o meu coração."



Stephen Crane

Antologia de Poesia Anglo-Americana
Campo das Letras, 2002
Tradução de António Simões