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Veneza

Na ponte eu estava
Ao moreno anoitecer.
Distante veio um canto:
Douradas gotas corriam
Pela tremente planura.
Gôndolas, luzes, música -
Ébrias vogavam para o crepúsculo...

A minh'alma, uma lira,
Cantava-se, invisivelmente vibrada,
Oculta canção de gondoleiro,
Tremente de irisada beatitude -
Mas alguém ouvia?



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

Os Maus

Temeis-me?
Temeis o arco tenso?
Ah, quem pudesse assim dispor a flecha!

Ah, meus amigos!
Onde quem bom era dito?

Onde estão todos os "bons"?
Onde, onde, a inocência das mentiras?

Quem uma vez olha o Homem
A Deus vê como Bode.

O poeta capaz de mentir
Conscientemente, voluntariamente,
Só ele é capaz de dizer a Verdade.

"O Homem é mau",
O que os Mais Sábios disseram -
Para consolar-me.



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

Atenção: veneno!

Que não me leia mais quem não se ri aqui!
Porque o diabo leva quem aqui não ri.



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

O Canto e o Pensamento

Ao Princípio era o Ritmo, a Rima a terminar,
E a Música entra nisto qual seu almo Pio:
A tão divino riquiquio
Chama-se Canto. Mas, para encurtar,
Um Canto, isso é "Palavras para pôr em Música".

O Pensamento é de uma outra esfera.
Se ele troça, ou se exalta, ou se encanta,
Jamais, é claro, um pensamento canta.
É "Sentido sem Canto" o Pensamento.
As duas coisas juntas: minha audácia é tanta?



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

Sils-Maria

Aqui sentado à espera, sim - de nada,
E além do Mal e do Bem, alma dada

Ora à luz, ora à treva, só brincando,
Ou mar, ou meio dia, ou tempo passando -

De súbito o Uno e o Dois se bipartiu -
E Zaratustra diante de mim surgiu.



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

Ecce Homo

Sim! Eu sei que me resume:
Insaciado como o lume,
Eu brilho e ardo-me inteiro.
Luz se torna quanto eu faço,
Cinza tudo após que eu passo -
O Fogo sou verdadeiro!



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena

A minha felicidade

Depois que me cansei de procurar,
A descobrir aprendi.
Depois que o vento me foi contrário,
navego com todo o vento.



Friedrich Nietzsche

Poesia de 26 séculos
Edições Asa, 2001
Tradução de Jorge de Sena