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Não me procures ali

Não me procures ali
onde os vivos visitam
os chamados mortos.
Procura-me
dentro das grandes águas
nas praças
num fogo coração
entre cavalos, cães,
nos arrozais, no arroio.
Ou junto aos pássaros
ou espelhada
num outro alguém,
subindo um duro caminho.
Pedra,
semente, sal
passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.



Hilda Hilst

Dez chamamentos ao amigo

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.


Hilda Hilst