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já passaram muitos dias pelo meu corpo e agora
não sei como guardá-los a todos e explicar-lhes que
envelheço. o meu nome parecia-me mais bonito
quando ele me deixava escrito: o sol das ruas
no calendário. passaram muitas horas e ter assim tão pouco
tempo para encontrar o escuro todo que existe
é quase como marcar o princípio numa escada,
assim forte, com o pé todo apoiado e depois muito direito
a insistir outra vez e com o outro e agora quase
a recuar, parece-nos mas não. é a distância e ganham impulso
os dois juntos e ainda o punho, o peso ou insistência
se preferirem assim dizer. é difícil,
o pé fica lá por segundos a assinalar o degrau inteiro
e eu digo que só falta meia hora e que é preciso avisar-te
é preciso avisar-te que a rapidez ou uma qualquer
quarta-feira é capaz de fazer parar o meu coração.



Susana Miguel
tenho quase a certeza que existe uma clareira
uma casa térrea onde costumas esconder as mãos e
tentar a eternidade. interromper o interior das coisas e chamar-lhe destino
é sempre mais fácil do que inventar cartazes a anunciar o que se multiplica
do lado de fora. há um determinado alvoroço que poucos vêem quando
chegas e o mês que passou será sempre uma imitação mediana
dos teus olhos. agora há apenas a influência do vidro dentro da noite.
tenho quase a certeza que tu também sabes disto e da dificuldade de chegar
aos sítios que não estão assinalados nos mapas.



Susana Miguel