Como poderei pagar-te
por me fazeres ver
a irrealidade de tudo,
a vaidade de tudo?
Quanto daria eu
por ouvir da tua voz
que o nada é fruto
da tua meditação,
que depois da morte
existe o nada
ou a misericórdia?
Chegam-me tuas palavras
com sabor à tua voz
e parece-me ver-te
de copo na mão,
que levantas
para o firmamento
resultado apenas
da imaginação.
Se é que és tu, Omar,
arranca-me as certezas
uma a uma.
Que fique tão nu
como as claras dunas
do deserto.
Omar Jayyam, brindemos,
porque mesmo que tudo seja
vento, miragem, sonho,
quero continuar a ouvir
tuas palavras,
contemplar teu perfil
de cinza apagada
e beber em silêncio
o vinho do teu cálice.
José Corredor-Matheos
Tradução A.M.
Mostrar mensagens com a etiqueta josé corredor-matheos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta josé corredor-matheos. Mostrar todas as mensagens
Eu sou peixe
Eu sou peixe, um peixe
que anda pelo jardim,
tão livre como árvore.
Sou uma árvore, com
as raízes no céu,
como um pássaro.
E sou também pássaro
e meus são os céus,
as águas e a terra.
Como é que, sendo peixe,
pássaro e árvore,
a angústia de ser homem
faz que tudo
me pareça, de repente,
tão estranho?
José Corredor-Matheos
Tradução A.M.
que anda pelo jardim,
tão livre como árvore.
Sou uma árvore, com
as raízes no céu,
como um pássaro.
E sou também pássaro
e meus são os céus,
as águas e a terra.
Como é que, sendo peixe,
pássaro e árvore,
a angústia de ser homem
faz que tudo
me pareça, de repente,
tão estranho?
José Corredor-Matheos
Tradução A.M.
Yo soy un pez
Yo soy un pez, un pez
que va por el jardín,
tan libre como un árbol.
Soy un árbol, que tiene
raíces en el cielo,
como un pájaro.
Y soy también un pájaro,
y son míos los cielos
las aguas y la tierra.
¿Por qué, si soy un pez,
un pájaro y un árbol,
la angustia de ser hombre
hace que todo
me resulte, de pronto,
tan extraño?
José Corredor-Matheos
Un pez que va por el jardín
Editorial Tusquets, 2007
que va por el jardín,
tan libre como un árbol.
Soy un árbol, que tiene
raíces en el cielo,
como un pájaro.
Y soy también un pájaro,
y son míos los cielos
las aguas y la tierra.
¿Por qué, si soy un pez,
un pájaro y un árbol,
la angustia de ser hombre
hace que todo
me resulte, de pronto,
tan extraño?
José Corredor-Matheos
Un pez que va por el jardín
Editorial Tusquets, 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)