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O Poeta em Lisboa

Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.

Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.

Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha — numa música secreta, inaudível.

Pede um cigarro. fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.

Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.

Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.

Sonâmbulo, magnífico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.

Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.

Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos.
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Os bois e os livros

Os bois não sabem ler e também não fingem que sabem. É por isso que nunca ninguém viu nenhum boi com um livro debaixo do braço. Mas há gente que tem a mania de ligar os bois aos livros. Ouve-se às vezes dizer: aquele não conhece uma letra nem do tamanho de um boi. E um filósofo alemão, que usava uns enormes bigodes, afirmou certo dia que ler, ler bem, era verdadeiramente uma ruminação, que é o que os bois fazem depois de introduzir a comida na boca. E que é o que não faz a maioria dos que não são bois, isto é, os homens que lêem livros, Os bois não sabem ler e não gostam nem de ler nem de comer livros, esta é a verdade. Por isso andam a puxar carros de bois, a puxar charruas e quando vão às touradas andam a correr dum lado para o outro às marradas. Os homens que sabem ler, mesmo mal, que andam atrás ou à frente dos bois, conforme as circunstâncias, e que não vêem um boi doutra coisa chamam-se ribatejanos. Os meninos, a quem são dirigidas estas palavras de muita sabedoria, não devem imitar o analfabetismo dos bois nem os homens que andam atrás ou à frente deles. Não andar nunca à frente dos bois porque podem tropeçar e cair e serem pisados pelos bois, não andar atrás porque podem levar com os rabos dos bois na cara e, como já sabem ler, não querem com certeza voltar a ser analfabetos. Numa coisa, porém, devem imitar sempre os bois: na ruminação. E isto quer dizer: ler, ler bem, ler com os olhos e com o pensamento.



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M.Pereira, 2003

O nome

Veio do outro lado do mar
pronunciado pelo fogo
e jaz nos jardins suspensos sobre a morte
como um vómito no coração
o nome podre de ninguém


António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M.Pereira, 2003

António José Forte




Ligado ao movimento surrealista em Portugal, António José Forte (1931-1988) deixou-nos uma obra breve, mas que claramente o afirma como um dos poetas mais em destaque, não só pela coerência literária que assumiu e antes pelo rigor e expressividade do próprio “discurso” poético, como se patenteia em Uma Faca nos Dentes, livro reeditado, com desenhos e fotografias da pintora Aldina Costa, sua companheira de muitos anos.


Trata-se realmente de um livro quase esquecido após a sua edição em 1983 e se afirma como um marco pessoal no pleno entendimento do que foi o surrealismo poético em Portugal. Na sua “nota inútil” à laia de prefácio, Herberto Helder declara que “a voz de António José Forte não é plural, nem directa ou sinuosamente derivada, nem devedora. Como toda a poesia verdadeira, possui apenas a sua tradição. A tradição romântica. No mesmo estrito e mais expansivo e qualificado registo. Uma tradição próximo de nós esclarecida pelo surrealismo, abrindo para trás e para diante: imemorial, dinâmica. Uma maneira de entender-se uma tradição essencial”.
Ora, o sentido da palavra em António José Forte é o da subversão das ideias, das imagens de arrepio, da tensa e lúcida atenção que é dada a um quotidiano suportado em amargura, de faca nos dentes (e nunca na liga), nesse “discurso” aparente de tirar partido da linguagem dos gestos, ideias e sentimentos: “ainda não há camas só para pesadelos / ainda não se ama só no chão / ainda não há uma granada / ainda não há um coração“.
Mas nada escapa no limite estrito do verso ou da imagem, nada se mostra excessivo ou desnecessário, porque as palavras revelam o sentido de uma consciência de peito aberto à vida: “Sai de novo para o mundo. / Fechada à chave a humanidade janta. / Livre, vagabundo / dói-lhe um sorriso nos lábios, canta“. E é nas possíveis leituras cruzadas ou no eco de outras vozes que nos chegam, na atenção prestada ao mundo em redor e na carga emotiva do que dele se invoca. “Dente por dente: a boca no coração do sangue: / escolher a tempo a nossa morte é amá-la”.
É por aí que os textos e poemas de Uma Faca nos Dentes se nos revelam, ainda com redobrada surpresa e alegria, como punhal arremetido contra o cerco que tanto bloqueia, no desejo libertador de atenuar o peso do quotidiano e reabilitá-lo na justa dimensão do que lhe confere outro sentido. Talvez ainda (e sempre de forma coerente) entre a perversão do próprio discurso e a utopia ideológica, pela afirmação desse tom muito próximo de um revivificante surrealismo poético, como acentua Herberto Helder. Mas um pouco como Breton, poderá dizer-se que escrever para António José Forte é “aquilo que sabe fazer melhor” - e por isso escreveu pouco, talvez apenas o necessário para deixar vincada a sua presença e ter a certeza de haver “gente que nunca escreveu uma linha que fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores”. Porque a expressão de António José Forte, no que revela de paradigmática na clara filiação surrealista que não enjeitou, se afirma não só no conjunto de poemas, mas nos textos de intervenção que evocam outras presenças para justificar esse fascínio e a carga de uma perversão sadia, próxima da ironia mordaz e acintosa, sempre inteligente, endereçada aos “profissionais da nossa esperteza literária”, que se observa em muitas páginas deste livro. E da “presença” de António Maria Lisboa à “ausência” de Jarry perpassa nas páginas de Uma Faca nos Dentes toda uma imaginística e uma visão do quotidiano que se valoriza e redescobre nas entranhas e intenções de rebeldia, devastação e insubordinação desse mesmo quotidiano: “Não estranheis os sinais, não estranheis este povo que oculta a cabeça nas entranhas dos mortos. Fazei todo o mal que puderdes e passai depressa”.
Por isso, este livro agora reeditado surge como a voz renovada de um surrealismo que nada perdeu do sentido superiormente poético da vida nem deixou envelhecer o seu carisma de directa intervenção cultural. E só por isso se deve assinalar a reedição de Uma Faca nos Dentes, em que António José Forte retoma o “discurso” nunca interrompido pelo tributo devido ao surrealismo, mesmo que o seja só à escala e dentro dos nossos limites.Mas a essa escala e nesses limites, pela atenção e a natural agressividade do mundo que nos rodeia, num canto e voz tão peculiares, os poemas e textos deste livro confirmam assim que o poeta de 40 Noites de Insónia continua ainda como referência passados alguns anos sobre a sua morte física.


Obra publicada:

Noites de Insónia de Fogo de Dentes numa Girândola Implacável e Outros Poemas (1958)
Uma Rosa na Tromba do Elefante (1971) – Livro para crianças
Uma Faca nos Dentes (1983) – Prefácio de Herberto Helder e desenhos de Aldina
Azuliante (1984)
Caligrafia Ardente (1987)
Corpo de Ninguém (1989)
Uma Faca nos Dentes (2003) – Reedição com inéditos
Mano Forte – Correspondência entre Luiz Pacheco e A. J. Forte.

Reservado ao veneno

Hoje é um dia reservado ao veneno
e às pequeninas coisas
teias de aranha filigranas de cólera
restos de pulmão onde corre o marfim
é um dia perfeitamente para cães
alguém deu à manivela para nascer o sol
circular o mau hálito esta cinza nos olhos
alguém que não percebia nada de comércio
lançou no mercado esta ferrugem
hoje não é a mesma coisa
que um búzio para ouvir o coração
não é um dia no seu eixo
não é para pessoas
é um dia ao nível do verniz e dos punhais
e esta noite
uma cratera para boémios
não é uma pátria
não é esta noite que é uma pátria
é um dia a mais ou a menos na alma
como chumbo derretido na garganta
um peixe nos ouvidos
uma zona de lava
hoje é um dia de túneis e alçapões de luxo
com sirenes ao crepúsculo
a trezentos anos do amor a trezentos da morte
a outro dia como este do asfalto e do sangue
hoje não é um dia para fazer a barba
não é um dia para homens
não é para palavras



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Dente por dente

Outros antes de nós tentaram o mesmo esforço: dente por dente: não, nunca olhar de soslaio e manter a cabeça escarlate, o vómito nos pulsos por cada noite roubada; nem um minuto para a glória da pele. Despertar de lado: olho por olho: conservar a família em respeito, a esperança à distância de todas as fomes, o corno de cada dia nos intestinos. Aos dezoito anos, aos vinte e oito, a vida posta à prova da raiva e do amor, os olhos postos à prova do nojo. Entrar de costas no festival das letras, abrir passagem a golpes de figado para a saída do escarro. Se não temos saúde bastante sejamos pelo menos doentes exemplares.
Fora do meu reino toda a pobreza, toda a ascese que gane aos artelhos dos que rangem os dentes; no meu reino apenas palavras provisórias, ódio breve e escarlate. Nem um gesto de paciência: sonho ao nível de todos os perigos. Pelo meu relógio são horas de matar, chamar o amor para a mesa dos sanguinários.
Dente por dente: a boca no coração do sangue: escolher a tempo a nossa morte e amá-la.



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Ainda não

Ainda não
não há dinheiro para partir de vez
não há espaço de mais para ficar
ainda não se pode abrir uma veia
e morrer antes de alguém chegar

ainda não há uma flor na boca
para os poetas que estão aqui de passagem
e outra escarlate na alma
para os postos à margem

ainda não há nada no pulmão direito
ainda não se respira como devia ser
ainda não é por isso que choramos às vezes
e que outras somos heróis a valer

ainda não é a pátria que é uma maçada
nem estar deste lado que custa a cabeça
ainda não há uma escada e outra escada depois
para descer à frente de quem quer que desça

ainda não há camas só para pesadelos
ainda não se ama só no chão
ainda não há uma granada
ainda não há um coração


António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Livraria Editora, Lda.

Retrato do artista em cão jovem

Com o focinho entre dois olhos muito grandes
por trás de lágrimas maiores
este é de todos o teu melhor retrato
o de cão jovem a que só falta falar
o de cão através da cidade
com uma dor adolescente
de esquina para esquina cada vez maior
latindo docemente a cada lua
voltando o focinho a cada esperança
ainda sem dentes para as piores surpresas
mas avançando a passo firme
ao encontro dos alimentos

aqui estás tal qual
és bem tu o cão jovem que ninguém esperava
o cão de circo para os domingos da família
o cão vadio dos outros dias da semana
o cão de sempre
cada vez que há um cão jovem
neste local da terra



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Livraria Editora, Lda.

Azuliante

Este poema é da AIdina


Este poema
começa com um homem de tronco nu
à sua mesa de trabalho e hiante
a esta hora em que de oriente a ocidente
se acendem lâmpadas trémulas e bárbaras e ferozes
e o mar é o teu nome a esta hora pétala a pétala
em que subirei de avião para ir beijar-te os olhos
e ver no meio do deserto o único
o magnífico devorador de rosas a comer um pão
enquanto do Oceano resta apenas
o silêncio de uma lágrima caindo nos joelhos de uma criança
Espera-me onde um nome há no Ar escrito com saliva azul
com raiva azul
como a urina violenta dos amantes
com a sua flor azul à superfície onde crepita a morte

Choverá muito eu sei choverá muito
e não porei uma pedra branca sobre o assunto digo
sobre o tremor de terra em que tu danças
na tua roda de cigarros cada vez mais depressa
cada vez mais depressa
e lento o peixe de plumas de águia letra a letra
dá a volta ao mundo dos teus olhos
enquanto a dentadura cintilante pronuncia o grande uivo
de oriente a ocidente

Certas palavras muito duras quando a noite cai
não devem ter outra origem sabes tão bem como eu
porque agora a lava das lágrimas ao crepúsculo
são as rosas com que o poeta fala
à multidão em volta do crocodilo o animal repugnante
de costas para a luz contra o grande uivo:
de oriente a ocidente a mesma flor podre o estado
segredos de estado as razões de estado a segurança do estado
o terrorismo de estado os crimes contra o estado
e o equilíbrio do terror
de oriente a ocidente meu amor de oriente a ocidente

Digo não Eu digo não
digo o teu nome que diz não

No entanto às portas da cidade e ao pé de cada árvore
à espera que tu chegues ou passes simplesmente
estão os grandes do império com o chapéu na mão
para cumprimentar-te
Então passas tu com a lua no peito
dividindo distribuindo os alimentos

passas tu devagar atirando as moedas
que os dias não aceitam e gastamos depressa
noite mil e uma noites de quem espera

Meu amor países pátrias têm todos um nome
de letras imundas que não é para escrever
Se ainda podes ouvir o búzio da infância
ouvirás com certeza o sinal de partir

No comboio multicor sobre carris ferozes e azuis
que há mil anos dá a volta ao mundo
sou eu o homem que viaja nu porque eu sou
o arco-íris e a rosa no trapézio
e tu toda a paisagem que atravesso
como se fosse de bicicleta
como se fosse sílaba a sílaba
a primeira frase sobre a terra

tu com as tuas luvas de amianto ao lado do vulcão
com a tua máscara de olhar a aurora boreal
de me olhares para sempre nua eu a tempestade
de coração a coração
Roda sórdida da razão cínica e canto de galos
depenados vivos que cantam nos intervalos da morte
no meu livro de horas deste século
está escrito que o homem livre fará o seu aparecimento
sob a forma de um cometa de cauda fascinante
que arrastará os amorosos até ao centro do mundo
donde partirão na rosa-dos-ventos e este será o sinal



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Memorial

As tuas mãos que a tua mãe cortou
para exemplo de uma cidade inteira
o teu nome que os teus irmãos gastaram
dia a dia e que por fim morreu
atravessado na tua própria garganta
as tuas pernas os teus cabelos percorridos
rato após rato tantos anos
durante tanta alegria que não era tua
os teus olhos mortos eles também
na primeira ocasião do teu amante
assim como as palavras ainda fumegando docemente
sob as pedras de silêncio que lhes atiraram para cima
o teu sexo os teus ombros
tudo finalmente soterrado
para descanso de todos
- mesmo dos que estavam ausentes



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Poema

Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar


António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

um homem

de repente
como uma flor violenta
um homem com uma bomba à altura do peito
e que chora convulsivamente
um homem belo minúsculo
como uma estrela cadente
e que sangra
como uma estátua jacente
esmagada sob as asas do crepúsculo
um homem com uma bomba
como uma rosa na boca
negra surpreendente
e à espera da festa louca
onde o coração lhe rebente
um homem de face aguda
e uma bomba
cega
surda
muda



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003

Memória

À flor da terra a flor de fumo
dos meus cigarros adolescentes
fumados amorosamente entre fantasmas

desse tempo
os meus pulmões que dançam
os meus olhos de desobediência civil
fascinados
que saúdam o arco histérico do desejo

o meu nome que flutua
na orla do furor

desse tempo
uma paisagem de nuvens inventadas
para as minhas aves altíssimas
suspensas sobre a morte

chuva do princípio do mundo
escrita na minha pele
com a língua das tempestades
todas as ruas secretas
por onde não passa
o manequim de patas de alcatrão
devorador do ar

eu beijei o crânio azul da noite
ajoelhado numa bandeira ardente
entre a bela e o monstro
dormi entre frases imensas e bárbaras
e puríssimas
pronunciadas pelo mistério

desse tempo
uma onda de silêncio deslumbrante
onde voam flores negras
quando anoitece do lado do amor
e um homem com passos escarlates
que atravessa o nevoeiro

agora a sombra no meu peito
de um avião que passa
à velocidade da erupção dos teus cabelos
quando amanhece neles

como uma coroa de versos
na estátua jazente do único
a cabeça voltada para o lado intelectual da morte
os olhos muito abertos para o pranto de súbito
todos os nus uma criança incluída
presos por um fio de sangue
definitivamente ás estrelas
e a minha assinatura do fígado sobre as águas
em vez do meu nome leiam
Mil Crimes de Amor numa torre de marfim

eu sei
uma pequena multidão petrificada
ameaça escurecer os rostos os mais belos
é ela que avança contra os relógios de sol

eclipse total se não há
espelhos para as insónias negras
se não há para a biografia completa do homem
um grande amor da cama à música das esferas
passando por um tremor de terra



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Parceria A.M. Pereira, 2003