Como poderei pagar-te
por me fazeres ver
a irrealidade de tudo,
a vaidade de tudo?
Quanto daria eu
por ouvir da tua voz
que o nada é fruto
da tua meditação,
que depois da morte
existe o nada
ou a misericórdia?
Chegam-me tuas palavras
com sabor à tua voz
e parece-me ver-te
de copo na mão,
que levantas
para o firmamento
resultado apenas
da imaginação.
Se é que és tu, Omar,
arranca-me as certezas
uma a uma.
Que fique tão nu
como as claras dunas
do deserto.
Omar Jayyam, brindemos,
porque mesmo que tudo seja
vento, miragem, sonho,
quero continuar a ouvir
tuas palavras,
contemplar teu perfil
de cinza apagada
e beber em silêncio
o vinho do teu cálice.
José Corredor-Matheos
Tradução A.M.
Sem comentários:
Enviar um comentário