Deixo-te o menos sombrio silêncio,
as gavetas arrumadas,
o chá no armário azul
da cozinha.

Para mim posso dizer mentiras
e deixas as coisas lembradas.
Poder mover-me onde não estás,
afastar algumas mágoas

evoca a primeira ausência
de raízes. O cansaço, o sarro
dos espíritos,
o violento olhar no verão,

os muros iluminados, lentas
todas estas coisas
sobem no esquecimento. E
irrompem ao contágio doutro corpo.



Fernando Luís Sampaio
Sólon
Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1987

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