«Não sei se sabe, senhor Meursault, disse, não é
que eu seja mau, o que eu sou é nervoso. O outro disse-me:
«Se és homem, desce do eléctrico.» Respondi-lhe: «Vá,
sossega, tem calma.» Disse-me que não era um homem.
Então desci e disse-lhe: «É melhor que te cales, ou parto-te
a cara.» Respondeu-me: «Sempre queria ver.» Então dei-lhe
um soco. Caiu. Quando eu o ia a ajudar a levantar, começou
do chão a dar-me pontapés. Então dei-lhe uma joelhada e
dois «bicanços.» Tinha a cara cheia de sangue. Perguntei-lhe
se queria mais. Disse que não.»
(...)

Albert Camus
O Estrangeiro
Livros do Brasil, 2001
Tradução de António Quadros

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