Tudo o que escrevemos
Será usado contra nós
ou contra aqueles que amamos.
São estas as condições,
é pegar ou largar.
A poesia nunca teve hipótese
de se pôr fora da história.
Um verso dactilografado há vinte anos
pode ser escarrapachado a tinta na parede
para glorificar a arte como distanciamento
ou tortura daqueles que
não amamos mas também
não quisemos matar
Nós seguimos mas as nossas palavras ficam
tornam-se responsáveis
por mais do que tínhamos na intenção
e isto é privilégio verbal
Adrienne Rich
Uma Paciência Selvagem
Livros Cotovia, 2008
Tradução de Maria Ramalho e Monica Andrade
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