Diálogo com a morte

- Permaneça eu em casa,
resistindo aos apelos
de mobilização,
ao espelho, a juntar destroços
de mim mesmo,

ou desça as escadas,
acompanhando o vento
a limar a noite imensa,
recolhendo amostras
de imagens desvalidas,

como ouvir as canções
perdidas da infância,
a música de seios e nádegas
que amei?

- Não sei do que me perguntas.
Mas gosto de ti, rapaz.
A sério que gosto.



Jorge Gomes Miranda
Este Mundo, Sem Abrigo
Relógio D´Água, 2003

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