Summertime

Foram as minhas últimas férias. Tinham-me dado
em exclusivo as vendas da zona leste. Eu ia
aos encontros com os clientes e tu esperavas-me no
carro. Fazíamos equipa nós. Tu ligavas o rádio, punhas
os meus óculos e o meu boné da Ferrari e mexias o volante.
Guardo cada minuto que passámos juntos: o desejo de
tornar ao hotel, de pôr o nariz de palhaço e buscar-te o sorriso.

A mamã precisava de uma pausa para refazer a vida. Tinha
conhecido um médico no hospital e ensaiava como
contar-te que ias ter um novo papá, uma casa grande e
novas irmãs.
Temos de acabar com esta farsa, dizia,
temos de pensar na nossa filha. A mamã
ama-te muito e António é uma boa pessoa. Quanto
a mim, quero só que saibas que foste
o único amor da minha vida. E que tenho
vivido estes anos todos só com a ilu
são de voltar outra vez a esse hotel,
encontrar-te a dormir
e acariciar-te o cabelo.


Pablo García Casado

Tradução A.M.
[Original]

2 comentários:

Justine disse...

Fidelíssima tradução, até no aspecto gráfico.
E uma novidade para mim, este Pablo García Casado. Vais publicar mais poesia dele, ou tenho eu de ir procurar, para o conhecer melhor??
Beijo

Albino M. disse...

Sim, vou...
Aliás, o dono desta casa também é fan, como eu, como tu.
Tens mais, na Rua...
A propósito, o tal Senhor recebeu o correio (pergunto, porque o endereço pareceu-me meio suspeito)?
Bjs.