O Vento

Eu já estou morto, mas tu vives,
Vives ainda, e vem o vento,
Que geme e chora, balouçar
Todas as árvores da floresta,
Todas as árvores a um tempo,
Todo o infinito da lonjura,
Como aos veleiros ancorados
Nas águas calmas da baía,
E não é pura diversão,
Nem por furor nem por capricho,
Mas para dar ao teu desgosto
Essa canção de que precisas.



Boris Pasternak
Vozes da Poesia Europeia III
Colóquio Letras nº 165
Fundação Calouste Gulbenkian, 2003
Tradução de David Mourão-Ferreira

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