Mais além

Para além da vida, amor meu, sempre mais além,
ligeiros, agora, únicos, sobre um leito de estrelas,
povoamos a noite sem limites, vivemos
em morte, ó formosa minha, uma noite infinita.


Sobre um seio azulado repousa-lhe a cabeça,
brandamente, fatigada do mundo. Sinto apenas
o teu sangue povoado de luzes, de miríades
de astros, beijando o pulso suave do universo
e o teu rosto com o leve fulgor da minha maxila.


Ó triste, ó grave noite completa. Amada, jazes
perfeita e eu revejo-te, cinjo-te. Mundo apenas.
Universal viver de um corpo que, feito luzes,
para lá da vida de um homem amor permites.


Vicente Aleixandre
Tradução A.M.

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