Se tu me pedisses para escrever sobre nós
é uma oração condicional
(melhorável, sem dúvida, no estilo),
inconcebível nesta maranha de folhas
aferradas à sua árvore, sujeitas apenas
à luz que vivifica;
a mesma luz, repara, que nos vivifica.
Se me pedisses, eu poderia dizer palavras como acentos,
elevar sílabas ao infinito;
poderia, como outros,
dizer casa, caminho, mão,
encruzilhada,
para não falar dos advérbios
que o amor acompanham quando este é um acto.
Por ti, se mo pedisses, poderia
descrever o corredor da casa
que nos contempla com olhos em bico, lá do fundo,
revoltos, sem ordem, transpirados.
E continuar assim, buscando anáforas
para nos encher o ego de amantes
que com os dentes se amam;
sem terminar jamais o discurso,
pois tu bem sabes que não há nada pior
para o amor
do que uma oração adversativa.
Assim iria escrevendo – claro,
se tu mo pedisses – palavras
como mãos, sem dúvida, mãos
que se abrem e fecham para o mundo;
palavras compridas e sonoras
como esperança,
como ESPERANÇA NOSSA,
que tem mais de simbólico.
Tudo para encontrar uma verdade (que sei eu,
superlativa?) que encerre
esta dialéctica gasta,
possível, deliciosa, plausível,
de dizer se tu.
Rosario Pérez
Tradução A.M.
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