Uma estrela passa, cai,
apaga-se no longo instante do trópico.

Longe, a oeste,
uma luz surge, trémula sobre as coisas,
talvez um archote no dorso da ravina.

Amanhã,
nos campos à volta,
menos uma foice cortará as espigas do verão.

Pela noite morrem os homens,
no meio das sombras,
na escuridão dos quartos.
Depois uma luz surge, trémula sobre a dor,
talvez um archote no começo do pranto.

Ele dorme, o meu príncipe.


José Agostinho Baptista
Morrer no Sul
Assírio & Alvim, 1983

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