As aves marcam o relevo da maré
e a etnografia das horas
Mudam de estação como de idioma
e ondulam pela areia de uma seara
Emergem de vírgulas interiores
e anunciam uma ortografia madura
entre as linhas de continentes decalcados
a tinta impermanente
Têm uma caligrafia acidental em frente do mar
e uma forma nasalada de dizer
meu pé, minha mãe, meu pão
Escrevem uma carta com sotaque de despedida
uma interrogação quando podia ser a travessia
Tiago Patrício
O livro das aves
Quasi edições, 2009
Prémio Daniel Faria 2009
1 comentário:
Lê-se (entende-se) porque mereceu o galardão.
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