soneto à lua

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas e sem fim
Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me presa
A alma que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética, indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!



Vinicius de Moraes

Antologia Poética
Publicações Dom Quixote, 2006

4 comentários:

Frederico Salema disse...

Não há, de facto, muita poesia brasileira por aqui ainda.

Liliana sê bem vinda.

L.N. disse...

Bem-vinda Liliana Jasmim, espero que te sintas em casa, mas não faças como eu, não adormeças por aqui:) Beijo.

bruno vilar disse...

Cara Liliana Jasmim, é um sincero gosto acolher uma nova "mal situada".Espero que aches nesta
família uma companhia afável.

Bem-vinda.

- Bruno

Liliana Gonçalves disse...

José S.,

Obrigada. Trarei mais poetas brasileiros e mais de Vinicius de Moraes.


Ao luís nunes e ao Bruno sousa Villar,

um obrigada, pelo acolhimento nesta família de palavras "mal situada" :))

Beijinho a todos.

Liliana