A lua é a mãe do patético e da piedade.
Quando, no mais fastidioso fim de Novembro,
A sua velha luz se alonga pelos ramos,
Frágil, lentamente, dependendo deles;
Quando o corpo de Jesus queda num palor,
Humanamente próximo, e a figura de Maria,
Tocada pelo orvalho, se recolhe num abrigo
Feito de folhas, que apodreceram e caíram;
Quando sobre as casas, uma ilusão dourada
Traz de volta uma época primitiva de paz
E sonhos pacificadores às pantufas no escuro –
A lua é a mãe do patético e da piedade.
Wallace Stevens
Harmónio
Relógio D`Água, 2006
Tradução de Jorge Fazenda Lourenço
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