Caído está o corpo sobre a tábua
do chão, em drama
sobre si mesmo o corpo
a perna flectida sobre a outra
os braços sob o torso não os vejo
se foi herói e desejou os oceanos
as veias, os tendões desenham a
harmonia de um dos pés, o sexo
encerram as pernas em escura concha
não há-de ser tal qual a gente deste
mundo
e o rosto oculto, somente o negro
dos cabelos, espesso negro cobre a
esfera do crânio
rasga a sua sombra o pano do
chão onde contido está
doce animal em abandono. Que
nome vazio guardam os seus caminhos
de água e sangue?
João Miguel Fernandes Jorge
Mãe-do-Fogo
Relógio D`Água, 2009
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