Ela está de pé nas minhas pálpebras
com os cabelos nos meus entrelaçados.
Ela cabe toda em minhas mãos,
ela tem a cor dos meus olhos
e desaparece na minha sombra
como uma pedra sobre o céu.

Tem sempre os olhos abertos
e não me deixa dormir.
Os sonhos dela à luz do dia
fazem os sóis evaporar-se,
fazem-me rir, chorar e rir,
falar sem ter nada a dizer.



Paul Éluard
Mourir de ne pas Mourir, 1924
in Antologia
Tempo de Poesia n.º8
Tradução de António Ramos Rosa

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