A Karl Borromäus Heinrich
Cheio de harmonias é o voo das aves. As florestas verdes
Juntaram-se ao crepúsculo às choupanas mais calmas;
Os prados de cristal da corça.
O murmurar do regato acalma o escuro, as sombras húmidas
E as flores do Verão, que tinem belas ao vento.
Já há luz de crepúsculo na fronte do homem pensativo.
E uma pequena lâmpada, o Bem, brilha no seu coração
E a paz da ceia; pois santificado é o pão e o vinho
Pelas mãos de Deus, e de olhos nocturnos contempla-te
Calmamente o irmão, pra repousar do jornadear espinhoso.
Oh o morar no azul cheio de alma da noite.
Amoroso envolve também o silêncio no quarto as sombras
____________________________________dos velhos,
Os martírios purpúreos, queixa de uma grande estirpe
Que agora se vai piedosa no solitário neto.
Pois mais radioso acorda sempre dos negros minutos da loucura
O paciente no limiar empedernecido
E com força o envolve o fresco azul e o declinar luminoso
_________________________________do outono,
A casa calma e as lendas da floresta,
Metida e lei e os caminhos lunares dos solitários.
Georg Trakl
Poemas
O Oiro do Dia, 1981
Antologia, versão portuguesa e introdução de Paulo Quintela
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