Ouvem-se os motores indo no mar.
Os nomes que me davam amigos de passagem
cresceram na sua areia os cardos.
Esta ficção da paz a minha vida.
Toda a noite um toro arde sem ninguém.

Os mortos passam nas janelas, vêm
ver-me, sou um animal a que fazem festas
debruçados sobre os vidros, sobre a beira da casa.
Um dia seguirei ao seu encontro
lançando o pião empurrando o arco
fingindo voltar ao que está perdido.



Joaquim Manuel Magalhães
Alguns Livros Reunidos
Contexto, 1987

Sem comentários: