Atravessar o túnel verde
onde se abriga o morcego
das feridas do dia.
Súbitos hiatos nas copas
tornam a estrada incerta.
Ora sombra ora lua,
um bosque rarefeito.
Pensar que ainda caminho
nos tempos da quimera,
não por estradas secas
mas por canais de ruído
das mil folhas silentes.
O morcego doendo-se
bem o vejo, tarde adiante
a perpassar sobre mim.
Os seus olhos são chagas
que não suportam a vida.
Fiama Hasse Pais Brandão
Cenas vivas
Relógio D'Água, 2000
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