Falta liberdade num deserto, embora
Não haja vedação ou paliçada.
Mais vale - se é estar livre o que queres -
Fazeres num labirinto vida airada.
Se bem forçado a um ror de galerias,
Também não cais nessas mãos de animal
De arrasadores de grades, num anseio
De um xelindró para todos, infernal.
Não te enxergam. Estás lindamente preso.
Eles que a bel-prazer sulquem espaços,
Criem desertos, no indomável vezo
De liberdade, vão espantar não poucos
Com cânticos de luta universal.
Não há, suponho, esperança para tais loucos.
Gerrit Komrij
Contrabando - Uma antologia poética
Assírio & Alvim, 2005
Tradução de Fernando Venâncio
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