Lendas e metáforas

Sozinho, na penumbra de outra noite, neste quarto
onde a ténue claridade da lua,
filtrando-se pelas cortinas,
ilumina a mancha grande e branca do teu cu.
Umas palavras que não pronuncio,
o cheiro morno e ácido do teu sexo,
remotas, retocadas imagens de outros corpos,
algo impreciso e íntimo
como uma conversa de bebedeira
é tudo o que me resta, lendas,
metáforas dos quarenta anos da minha vida.


Juan Luis Panero
Poemas
Relógio D`Água, 2003
Tradução e prefácio de Joaquim Manuel Magalhães

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