Se eu não quisesse o
que é real, este dizer
rio e floresta,
mas atei aos meus
sentidos a escuridão,
voz do pássaro célere, o golpe de flecha
da luz pela encosta
e as águas cheias de ecos -
como eu diria
o teu nome
se uma ínfima fama sobre
mim descesse -
fui guardando aquilo por que passei,
a fábula ensombrada das culpas
e da expiação:
tal como nas acções
confio - tu as usaste - confio
na linguagem dos que esquecem,
digo para o fundo dos invernos,
sem asas, a sua palavra feita
de juncos.
Johannes Bobrowski
Como um respirar: antologia poética
Livros Cotovia, 1990
Tradução de João Barrento
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