Gostaria de escrever poemas
amados pelos inimigos actuais.
Gostaria mas não faço (favores).
Se os fizesse seria inimigo de mim próprio,
fetal
como os demais.
Sei que sou lento e que busco a forma
num carro de bois.
Os vincos abertos na memória
reflectem-se na estrada.
Adversos, não,
os tais poemas que gostariam tanto
os críticos d'hoje.
Sinto-me perplexo não sei onde.
Não estou a mais.
(Babo-me de cócegas, ai, ai!...
saltam-me fusos dos olhos...)
Portanto, avante
mútuo descante.
Subitamente bebido à mesma fonte,
desanuvio-me.
Ruy Cinatti
Archeologia ad Usum Animae
Colecção Forma, Presença, 2000
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