Em tempos fui uma rapariga de futuro.
Lia Horácio e Virgílio em latim
e recitava Keats completo de memória.
Ao entrar-lhes nas grutas, os adultos
prenderam-me: comecei a parir
filhos de um homem estúpido e acreditado.
Agora encho o copo quando posso
e choro ao recordar algum verso de Keats.
Não se sabe, quando se é jovem,
que não há lugar nenhum
onde se possa ficar para sempre.
E estranhamos se não chega
aquele ou aquela em quem acharmos repouso.
Ignoramos, quando jovens, que os princípios
jamais se parecem com os finais.
Joan Margarit
Tradução A.M.
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