Arte poética

Nos oratórios dos bares
há sempre um sonho
dobrando-se atrás do balcão.
Transitam por eles
velhos fantasmas
com garrafas cheias de grilhetas
para blindar os gestos da água.
Os poetas no altar
podem cantar afinados com os mortos
enquanto os apêndices do incerto
consagram o sangue do silêncio.
A poesia
converte o silêncio em assombro,
em sinfonia tocada pelo fogo ao piano.


Federico Díaz-Granados
Tradução A.M.

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