Pode falar-se da boa saúde mental de Van Gogh, que durante toda a vida só assou uma das mãos, e quando ao resto mais não fez do que cortar uma vez a orelha esquerda,
num mundo onde se come todos os dias vagina cozida com molho verde ou sexo de recém-nascido flagelado e enraivado,
como o apanham à saída do sexo materno.
E não se trata de imagem mas de um facto quotidiana e abundantemente repetido e cultivado por toda a terra.
Por isso, e muito delirante possa parecer esta afirmação, a vida presente continua na velha atmosfera de estupro, anarquia, desordem, delírio, desregramento, loucura crónica, inércia burguesa, anomalia psíquica (pois não foi o homem mas o mundo que se transformou num anormal), de desonestidade assumida e hipocrisia insigne, desprezo porcalhão por tudo quanto exibe raça,
reivindicação de uma ordem toda baseada no cumprimento de uma primitiva injustiça,
de crime organizado enfim.
Isto corre mal porque a consciência enferma, na hora que passa tem um capital interesse em não sair da sua enfermidade.
num mundo onde se come todos os dias vagina cozida com molho verde ou sexo de recém-nascido flagelado e enraivado,
como o apanham à saída do sexo materno.
E não se trata de imagem mas de um facto quotidiana e abundantemente repetido e cultivado por toda a terra.
Por isso, e muito delirante possa parecer esta afirmação, a vida presente continua na velha atmosfera de estupro, anarquia, desordem, delírio, desregramento, loucura crónica, inércia burguesa, anomalia psíquica (pois não foi o homem mas o mundo que se transformou num anormal), de desonestidade assumida e hipocrisia insigne, desprezo porcalhão por tudo quanto exibe raça,
reivindicação de uma ordem toda baseada no cumprimento de uma primitiva injustiça,
de crime organizado enfim.
Isto corre mal porque a consciência enferma, na hora que passa tem um capital interesse em não sair da sua enfermidade.
Antonin Artaud
Van Gogh: o suicidado da sociedade
Assírio & Alvim, 2004
Tradução de Aníbal Fernandes
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