O POEMA (I)

Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo
agudíssimo claro
apontado ao coração do homem

falo
com uma agulha de sangue
a coser-me todo o corpo
à garganta

e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme



Luiza Neto Jorge
Quinze Poetas Portugueses do Século XX
Assírio & Alvim, 2004

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