«Durante muito tempo construíste e destruíste os teus refúgios: a ordem ou a inacção, o vaguear ou o sono, as rondas nocturnas, os instantes neutros, a fuga das sombras e das luzes. Talvez pudesses continuar ainda por muito tempo a mentir, a embrutecer-te, a cair na tua própria armadilha. Mas o jogo acabou, acabou a grande festa, a embriaguez falaciosa da vida suspensa. O mundo não se mexeu e tu não mudaste. A indiferença não te tornou diferente.

Não morreste. Não enlouqueceste.»



Georges Perec
Um Homem que Dorme
Editorial Presença, 1991

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