E que é que ficou daquele verão antigo
nas costas da Grécia?
Que resta em mim do único verão da minha vida?
Se eu pudesse escolher de quanto vivi
algum lugar e o tempo que o prende,
a sua milagrosa companhia é para ali que me arrasta,
onde ser feliz era a natural razão de estar com vida.
Perdura a experiência, como um quarto fechado da infância;
não resta já a lembrança de dias sucessivos
nesta sucessão medíocre dos anos.
Hoje vivo esta carência,
e apuro do engano algum resgate
que me permita olhar ainda o mundo
com amor necessário;
e assim saber-me digno do sonho da vida.
De quanto foi ventura, desse lugar de fortuna,
tomo avaramente
sempre uma mesma imagem:
seus cabelos movidos pelo vento
e o olhar fixo dentro do mar.
Apenas esse momento indiferente.
Selada nele, a vida.
Francisco Brines
Tradução A.M.
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