fala-me da ausência do mundo, do enorme silêncio
que me separa do rumor do tempo.
sim, digo-lhe,
semeei dunas brancas ao longo do que existi,
realizei um por um os horizontes
e caminhei.
nos passos,
levei a sabedoria de anoitecer e de madrugar.
exerci-a
na altitude dos que me perguntaram o nome.
naqueles que me questionaram o olhar
ou a palavra
nos que, suspensos da fronteira de sombras,
esperaram para me ouvir
ou para me falar.
e usei a voz como um pássaro usa as sementes.
digo-lhe:
não, não apaguei o mundo da minha vontade
apenas o areei de solidão
e fiz dele um deserto
onde alguém se perdesse.
gil t. sousa
poemas, 2001
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