Posto de gasolina

Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina de um cavalo. Vêm mortos de sede. Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa. Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?


Carlos de Oliveira
Trabalho Poético
Assírio & Alvim, 2003

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