[ dez de janeiro.só o silêncio responde]

não sei se alguma vez viste
crescer a morte sobre um corpo

é como uma infância
de que se desconhecem os modos
ou o lento estalar de um vidro

são como imagens as imagens
partidas esse abandono de partir
o que em água viram os olhos

por esse lençol subido de silêncio
sobe nu de tempo um homem
com mãos devagar de luz
a morte cresce com ele
é o seu corpo que poderá ser
a palavra


Pedro Sena- Lino
Deste lado da morte ninguém responde
Quasi Edições, 2008

* este poema está inserido num conjunto de vários, que o poeta intitulou como circular de adeus, terminados em Março de 2002. numa nota, o poeta escreveu: "quando a morte crescia o corpo do meu avô".

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