Nas ondas caminhei com pés de arado
ao largo muito ao largo me perdi.
Habitei a luz pura e sem degredo
vi o polvo e a moreia disputando
o necessário acordo de viver
vi as cores dançando sobre os peixes
como dardos na avidez do meu olhar.
Por entre os dedos muito abertos
muito lisos passou não sei que sol
ou que fantasma.



Nuno Higino
No Silêncio da Terra
Campo das Letras, 2000

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