Ficou do lado de fora do portão semi-aberto,
uma grinalda vermelha até aos pés.
Passaram já todas as estações
uma vez e outra vez e outra vez.
Dois olhos fixos no horizonte
como se o horizonte fosse apenas um ponto.
Sabe que um dia ou uma noite qualquer
novamente moverá os braços
subirão devagar e formarão um círculo;
cada um dos músculos do rosto mover-se-á
e os lábios terão a doçura
das folhas tenras levemente orvalhadas.
É por isso que ficou ali
do lado de fora do portão semi-aberto,
uma grinalda vermelha até aos pés
Nuno Higino
No Silêncio da Terra
Campo das Letras, 2000
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