folhear o livro junto ao rio, no som da água
mergulhar o choro e antever
o resíduo da vociferação.
Talvez seja um povoamento esse grito,
quando a melodia reflui para o cansaço
e a mulher abre os olhos e esgota a sua casa,
talvez a criança desenhe com a faca a parede de cal
e chame dia à sombra da mão,
talvez o cerco esteja nestes ombros que recolhem
o peito, os braços e as pernas
na curva dos seus ossos
e abandonam o quarto a uma chicotada.
Talvez nada.
Talvez o girassol a redescobrir o dia



Rui Nunes
Ofício De Vésperas
Relógio D'Água, 2007

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