Cilada

Se for um singelíssimo poema
que seja de uma imagem só,
descanse de mil sóis, espelhos
que abrem a garganta ao grito
e o grito nunca abranda;
se encontrar a alma de uma palavra
seja ela lama ou glória,
que não arme a frágil lágrima,
deixa, calmo, o silêncio fundo
nos nervos dessa que canta;
se houver sentidos que cheguem
nos mundos, se houver infinitos
que valha a pena serem ditos,
avance um homem só,
dos que têm sangue no olhar
doce e vivem sempre em palácios
nas suas tendas, ao luar.
Condições para que te perdoe,
rudíssimo poema!



Manuel Fernando Gonçalves
Coração Independente
Assírio & Alvim

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