Na janela do tempo

Toute porte a pour gardien un mot (mot de passe, mot magique)
Edmond Jabès


A mulher que escutas na janela do tempo
lavra a dor com um vibrante sorriso interior
cantando a melodia do não dito
com a língua dos silêncios encontrada

a chama desse corpo aceitou o infinito azul
e renasceu com a magia de um templo antigo
quebrando os muros com a subtil harmonia dos anjos
e se nos seus dedos vislumbras o azul e em seus olhos uma ferida viva
dir-te-ei que o sorriso transmutou a dor ao encontrar-te
na unidade originária dos poemas
na bondade nua que nutres com as mãos

e a janela solitária entreaberta revelando o ar
é agora uma porta aberta para o mar
descobrindo a magia do tempo horizontal



Gisela Ramos Rosa
Vasos Comunicantes, 2006
Diálogo poético com António Ramos Rosa

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