O último homem no dôme

Onde está o sublime bêbado? Será o grande bêbado?
Este pequeno mistério imponderável
Perturba-me sempre à meia-noite:
- Para onde foi, para onde levou a sua caneca?
Para onde foram eles, os meus amigos, os que não têm porto?
Já não se lamentam nos bares, já não se fazem ao mar;
Um estremecimento da vontade e então podem sonhar,
Vivendo enfim as vidas que sempre ansiaram -
Intermináveis corredores de botas para lamber,
Ou no fim de todos eles o Pope com a sua biqueira.
Onde estão os teus amigos, seu tolo?, só te resta um,
E também esse já te enjoa -
Embora muito menos que os outros; e isto sei muito bem,
Uma vez que sou o último bêbado: bebo sozinho.



Malcolm Lowry
As cantinas e outros poemas do álcool e do mar
Assírio & Alvim, 2008
Tradução José Agostinho Baptista

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