roulotes na noite de lisboa

reconheceram-se. beberam cerveja com a sede de antigos amantes, fumaram ganzas para suportar o tédio da noite de Lisboa. segredaram-se tudo o que lhes acontecera desde o dia em que haviam partilhado a mesma cama.
- Os olhos ainda vêem o que não morreu em nós.
- A vida deu mil voltas à nossa volta!
- Não esperava encontrar-te por aqui.
- Trabalho no circo, faço o número do Homem-Aranha.
- Eras chavalito quando nos engatámos.
- E tu levaste-me contigo... fugimos, lembras-te?
separam-se de novo ao amanhecer, um em direcção da imensa cidade, e o outro de circo em circo, pelas datas dos santos e das promessas.



Al Berto
O Medo
Assírio & Alvim, 2005

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