funeral blues

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.

Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre: enganei-me.

Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.



W.H. Auden
Tradução de Maria de Lourdes Guimarães
no blogue Insónia
( Ao António Nobre, ontem falecido)

2 comentários:

João Vasco disse...

Acho o poema fantástico mas se me permites um comentário perde-se na tradução muita coisa

Abraço

bruno vilar disse...

Permito-te : tens razão.

Escusei-me a divulgar
a versão na língua
de partida, pelo
simples motivo
do defunto ser falante
da língua de Pessoa e Camões.