Foste a chama da minha razão alucinada. Não havia mais espaço onde apoiar os meus símbolos. Amar-te-ei tanto, dizias, e aprendemos a importância do café do pequeno almoço enquanto eu saía para roubar laranjas para ti. Devoramos o mundo, essa besta surdo-muda, fazendo-nos menos surdos, menos mudos, obedecendo a uma lei pela qual se se procura e destrói energia esta encontrar-se-á em beleza transformada. Eu não sabia o que acontece quando um pêndulo se detém porque nunca tinha visto um detido. Choravas e chovia. Vi coisas em teus olhos que ninguém viu, apertavas-me a mão procurando exprimir aquele fruto roubado a mim; a ninguém; sumo transgénico de chuva em lágrimas. A verdade às vezes é tão verdade que se torna 100 % cristalina, e assim inominável.



Agustín Fernandéz Mallo
Carne de Píxel
Dvd Ediciones, 2008

1 comentário:

moriana disse...

tenho de ler, tenho de ler...