Tenho um espelho alto no corredor.
Pronto, lá me encaro uma vez mais
E o monstro que vejo em horas tais
Faz-me - está escrito - sempre igual pavor.
É um homem horroroso. Há que abatê-lo,
Esmagado com uma rija martelada.
Não passa de gordura encarquilhada.
Um estranho, é o que é. Eu penso, ai, ai!
Mais um cliché com espelhos que me sai.
É só vidro, vidro morto o que tenho diante-
Mal penso assim, eis que um esqueleto hiante
Surge do espelho e salta-me ao pêlo.
Gerrit Komrij
Contrabando - Uma antologia poética
Assírio & Alvim, 2005
1 comentário:
grande livro! em breve colocarei mais poemas dele.
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