a acerba, funda língua portuguesa,
língua-mãe, puta de língua, que fazer dela?
escorchá-la viva, a cabra!
transá-la?
nenhum autor, nunca mais, nada,
se a mão térmica, que mansuetude!
que é que se apura da língua múltipla:
paixão verbal do mundo, ritmo, sentido?
que se foda a língua, esta ou outra,
porque o errado é sempre o certo disso




Herberto Helder
A faca não corta o fogo
Assírio & Alvim, 2008

1 comentário:

mar disse...

cá está ele, o famoso poema do famoso poeta.
ler herberto é para ti uma forma de estar na vida, um jeito de andar até e eu gosto de te ver embriagado nas palavras do senhor. estás a crescer luís, hás-de ser grande, já és um óptimo escritor mas ainda espero por aquele poema, aquele que me fará ter um orgasmo literário e andar por aí a subir paredes, sei que virá, acredito no teu potencial.

um beijo
deste
mar.