Velho cargueiro num velho porto

Não tinha nome e ancorámos à meia-noite.
As raparigas, na sombra da paragem morta, não podiam,
Rindo em coro à luz do candeeiro,
Deixar-nos o coração amargo com o sal do mar.
Não, não havia beleza nesse lugar.
Mas acordaremos cedo e veremos ali à mão
O molhe, a rua, o mercado, o amigável rosto do relógio,
- A verdadeira fisionomia de uma terra nova -
A nossa bandeira içada na Primavera sobre os correios,
Cujas pedras pareciam trazer notícias de alguém
Amado, e da nossa proa oxidada observaremos
As linhas do eléctrico que avança para o sol -
A emergência era a de Christian de Despond
E a marca de Sexta-Feira que Crusoé viu sobre a areia.


Malcolm Lowry
As cantinas e outros poemas do álcool e do mar
Assírio & Alvim, 2008
Tradução de José Agostinho Baptista

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